Para conseguir vencer as eleições presidenciais, o candidato Javier Milei usou uma retórica agressiva contra as elites políticas e a esquerda, defendendo posições únicas e pouco ortodoxas. Milei ainda focou na promoção de propostas que se concentravam em ideais libertários, além de questões que impactam no dia a dia da população e poderiam mudar o futuro do país, como pautas envolvendo a dolarização da economia e a necessidade de promover cortes drásticos nos gastos públicos.
Com o desafio de conquistar ainda mais visibilidade na mídia e perante a população, além de ter suas ideias difundidas, Javier Milei enxergou a necessidade e a urgência de defender propostas populares e de alto impacto, capazes de gerar grande repercussão e de conseguir o voto dos eleitores que buscavam uma mudança real na situação que o país vem enfrentando.
Como solução proposta, Milei focou nos problemas que estavam causando maior impacto na sociedade argentina naquele momento. Conhecido por seus ideais libertários e conservadores, além de se auto intitular anarco-capitalista, Milei passou a defender a dolarização da economia e que o governo trabalhasse para garantir um orçamento sólido, evitando gastos desenfreados para tentar conter a inflação, que nos últimos tempos se encontra em crescimento constante e é considerada uma das mais altas do mundo. O conservadorismo em questões sociais pode ser visto na sua luta contra o aborto e o movimento LGBTQ+, entre outros.
Entre as principais etapas necessárias para iniciar a prática, estão:
As dificuldades do processo incluem identificar quais são os principais problemas enfrentados no país no momento, construir um programa de governo que traduza os anseios da sociedade e tenha grande apelo à população, bem como conseguir pautar suas propostas tanto nas discussões da imprensa quanto nas redes sociais.
As principais propostas utilizadas por Milei durante sua campanha para a presidência foram:
01. Defender a soberania do indivíduo – Garantir o direito inalienável à propriedade privada e ao livre mercado, havendo o mínimo possível de intervenção por parte do Estado.
02. Dolarizar a economia – Utilizar a moeda norte- americana como moeda oficial, substituindo o peso argentino, para “exterminar” a inflação no país, considerada como tendo os maiores níveis dos últimos 30 anos.
03. “Dinamitar” o Banco Central – Acabar com a instituição responsável pela política monetária da Argentina. Com isso, o peso argentino desapareceria efetivamente, dando lugar a dolarização. Assim, o país trocaria o peso pelo dólar como moeda nacional depois de um período de transição de 16 meses.
04. Promover cortes nos gastos públicos – Segundo Milei, seria “passar a motosserra no Estado”, eliminando gastos improdutivos, diminuindo o tamanho do Estado, incluindo a eliminação de 10 dos 18 ministérios que o governo possui. Além disso, cortar o gasto com aposentadorias e pensões, visando um sistema de capitalização privado.
05. Privatizar as empresas públicas deficitárias – Tais como os meios de comunicação públicos do país, como a TV Pública, a Télam e a Rádio Nacional; e a estatal de petróleo e gás YPF, entre outras. Segundo Milei, “tudo o que pode estar nas mãos do setor privado, vai estar nas mãos do setor privado”.
06. Desregulamentar o mercado legal de armas de fogo e militarização das prisões – Milei e a favor de que os argentinos possam comprar armas livremente, justificando para isso o aumento de incidentes de segurança em algumas áreas do país. Ainda em relação a segurança, ele acredita que a militarização dos estabelecimentos penitenciários é necessária para reconstruir o sistema.
07. Legalizar o comércio de órgãos humanos – Atividade hoje proibida, Milei quer procurar mecanismos de mercado para resolver o problema das pessoas que se encontram em filas esperando por transplantes.
08. Fechar o Ministério da Mulher – O programa de governo de Milei, além de aventar essa possibilidade, é contra várias iniciativas que promovam benefícios vinculados a gênero (relacionados às mulheres e também à comunidade LGBTQ+.) Milei se posiciona contra a existência de uma desigualdade de gêneros.
09. Revogar a legalização do aborto – Apesar de o aborto seguro e gratuito ser legalizado no país desde dezembro de 2020, Milei defende “o direito à vida desde a concepção” e propõe um plebiscito para revogar a lei que garante o aborto.
10. Flexibilizar a Educação – Propõe um sistema de vouchers, onde a educação não seria obrigatória nem gratuita. Os pais daqueles que quisessem estudar receberiam um voucher e escolheriam a escola que querem para seus filhos.
Entre os resultados alcançados, Milei conseguiu tocar os eleitores descontentes com as dificuldades que estavam encontrando para sobreviver, principalmente os mais jovens. Nas pesquisas em abril de 2023, Milei ocupava o terceiro lugar para as eleições presidenciais, tendo 20% das intenções de voto. Nas eleições prévias de agosto, ele surpreendeu os analistas argentinos ao ser o candidato mais votado, recebendo 32,57% dos votos (4.809.042 votos). No primeiro turno, realizado em 22 de outubro, Milei terminou em segundo lugar, recebendo quase 30% dos votos (7.884.336 votos). No entanto, no segundo turno, Milei foi eleito com 55,69% dos votos (14.476.462 votos), e se tornou o presidente eleito mais votado na história da Argentina.
Referências: