Boas Práticas na Política: Construir Coligações
11 de julho de 2023
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Boas Práticas na Política: Construir Coligações

A política pode ser caracterizada como uma arena complexa onde a formação de alianças e coligações entre partidos desempenha um papel crucial na política contemporânea, tanto no que diz respeito ao período das eleições quanto para garantir a governabilidade de um partido após este ter assumido o poder.

 

A prática de construir coligações reflete a necessidade de estabelecer alianças e parcerias estratégicas, superando as limitações de um único partido para alcançar objetivos que este único partido não conseguiria alcançar de forma isolada. Essas alianças são consideradas estratégias eficazes para unir diferentes forças políticas, permitindo a ampliação da representatividade e o aumento da base de apoio, contribuindo para a formação de governos estáveis, além de promover a diversidade de ideias e perspectivas em um sistema democrático.

 

Especificamente durante o período eleitoral, a formação de coligações vai permitir que diferentes grupos e correntes ideológicas se unam em torno de objetivos comuns. Isso é particularmente relevante em democracias nas quais a diversidade de opiniões é valorizada. Através das coligações, partidos com diferentes perspectivas políticas podem encontrar pontos de convergência e construir plataformas eleitorais compartilhadas. Isso permite que um espectro mais amplo de eleitores seja representado, garantindo a inclusão de diversas visões e interesses no processo político.

 

Além disso, a formação de coligações entre partidos políticos desempenha um papel crucial na governabilidade de um partido após assumir o poder. Em muitos sistemas parlamentaristas, onde a formação de um governo está diretamente ligada à obtenção de uma maioria parlamentar, as coligações são essenciais para garantir a estabilidade e a eficiência governamentais. Ao unir diferentes partidos, uma coligação pode agregar diferentes habilidades e recursos, o que pode resultar em uma melhor capacidade de governar e enfrentar os desafios enfrentados pelo país.

 

A formação de coligações pode promover, ainda, o equilíbrio de poder e a prestação de contas. Em coligações, os partidos muitas vezes precisam negociar e comprometer-se para alcançar consenso e tomar decisões conjuntas. Isso pode resultar em um ambiente político mais saudável, onde o poder é compartilhado e os interesses de diferentes grupos são considerados. As coligações podem servir como um mecanismo de freio e contrapeso, garantindo que nenhum partido ou grupo político exerça um poder excessivo ou monopolize as decisões políticas.

 

Como exemplos recentes de coligações que assumiram o poder em seus respectivos países, podemos citar a “Juntos Haremos Historiaem 2018, no Mexico e a “Insieme, per l’Italia” em 2022, na Italia. 

 

 

 

 

Em 2018, no México, com o apoio da coligação “Juntos Haremos Historia”, formado pelo Movimento Regeneração Nacional (Morena), pelo Partido do Trabalho (PT) e pelo Partido Encontro Social (PES), o Morena, que até então era considerado um partido pequeno, conseguiu eleger Andrés Manuel López Obrador (AMLO) para o cargo de presidente do pais, recebendo 53,19% dos votos. No mesmo ano, a coligação conseguiu conquistar a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. 

 

 

 

Em 2022, na Italia, com o apoio da coligação de direita “Insieme, per l’Italia”, formada pelos partidos Forza Italia, de Silvio Berlusconi, e o Lega, de Matteo Salvini, o Fratelli d’Italia venceu as eleições recebendo 26% dos votos na Câmara e no Senado, multiplicando por seis os resultados obtidos nas eleições de 2018, que havia sido de 4,3%. A coligação, na verdade, recebeu 50% dos votos, conseguindo eleger 237 deputados de um total de 400 e 115 senadores de um total de 200, alcançando a maioria absoluta no Parlamento. Isso levou Giorgia Meloni, lider do Fratelli d’Italia, a ser empossada como a primeira mulher na historia no cargo de primeira-ministra da Italia.

 

Entre as principais etapas necessárias para iniciar a prática, estão:

  • Identificar semelhanças ideológicas com outros partidos. 
  • Identificar oportunidades de alianças estratégicas com outros partidos nas eleições.
  • Agendar reuniões com líderes de outras legendas e chegar a um acordo em comum.
  • Criar um nome de impacto e identidade visual para a coligação.
  • Formar dobradinhas entre os principais candidatos das legendas para garantir mais votos.

 

As dificuldades do processo incluem conseguir formar alianças que sejam realmente estratégicas para o partido, que resultem em mais recursos para as campanhas de seus candidatos e mais votos para a legenda, além do cuidado necessário para não fazer coligações que podem ser julgadas como incoerentes ou oportunistas por formadores de opinião, pela imprensa e também pela população.

 

 

 

Referências: