O Twitter não pode ganhar uma eleição, certo?
Errado, dizem cientistas políticos que mediram seu efeito pela primeira vez em 2017.
O papel do Twitter na política nunca foi tão proeminente. Claramente, as mídias sociais desempenham um papel importante no discurso político. Muitos políticos enviam centenas ou milhares de mensagens durante as campanhas eleitorais e investem recursos consideráveis em sua presença nas mídias sociais. E isso levanta uma questão interessante: Esse esforço se traduz em votos?
Jonathan Bright e colegas do Oxford Internet Institute no Reino Unido dizem que as duas recentes eleições no Reino Unido (em 2015 e 2017) oferecem uma oportunidade única de testar o papel que o Twitter desempenhou no resultado das eleições.
A maioria das pesquisas sobre o efeito eleitoral das mídias sociais se concentrou em eleições únicas. Isso pode causar problemas pois é difícil separar o efeito da mídia social de outros fatores, como o nível de profissionalismo demonstrado na campanha, a quantidade de fundos envolvidos, etc. Comparar eleições distantes também é complicado, porque a maneira como políticos e eleitores usam as mídias sociais pode mudar drasticamente em diferentes tempos eleitorais, geralmente no período de cinco anos ou mais.
Portanto, as eleições estudadas, a de 7 de maio de 2015; e a de 8 de junho de 2017, que deu aos candidatos apenas 24 dias para se prepararem, oferecem uma oportunidade única de se aprofundar no assunto. Nessas eleições, o público britânico elegeu 650 membros do Parlamento, cada um representando um distrito de cerca de 70.000 eleitores. Cerca de sete grandes partidos políticos competiram, reunindo um total de 6.000 candidatos. Desses, 822 políticos fizeram campanha nas duas eleições e foram contabilizados duas vezes.
76% dos candidatos de 2015 usaram o Twitter, e 63% usaram em 2017. A queda é provavelmente o resultado da natureza apressada das eleições de 2017. Muitos candidatos foram escolhidos no último minuto, dando-lhes menos tempo para organizar uma estratégia de mídia social.
No entanto, a atividade do Twitter aumentou em 2017. Os candidatos com uma conta enviaram uma média de 86 tweets em 2015, ou seja, 3,6 por dia. Esse número subiu para 123,5 em 2017, pouco mais de 5,1 por dia. Esses números escondem uma diferença significativa entre a presença de políticos que já possuíam um mandato e os que não. Em 2015, 87% dos políticos em exercício tinham contas, em comparação com apenas 73% dos novos.
Em 2017, a diferença foi ainda maior. 84% dos políticos em exercício tinham contas, em comparação com apenas 58% dos concorrentes. Novamente, a diferença provavelmente se deve à natureza apressada das eleições de 2017.
Bright e seus colegas se propuseram a responder: os políticos que mais usam o Twitter recebem mais votos? A conclusão: políticos com contas no Twitter recebem uma parcela maior de votos, embora não muito maior. Embora o impacto geral do Twitter seja pequeno, alguns grupos se saem melhor do que outros. Assim, “Os parlamentares que possuíam uma conta geralmente tinham de 7 a 9% mais votos do que aqueles que não tinham”.
Eles calculam que os políticos podem reivindicar uma parte extra de 1% da quantidade de votos ao aumentar o número de tweets que eles enviam por um fator entre 0,28 e 1,75. Isso pode parecer um pequeno aumento, mas em muitos distritos teria sido decisivo. “Cerca de 14% das competições eleitorais que formam a base do nosso estudo foram vencidas por uma margem inferior a 5 pontos percentuais e 4% delas foram vencidas por uma margem inferior a 1 ponto percentual”, afirma Bright e demais pesquisadores.
Esse resultado será motivo de reflexão para aqueles que subestimam a importância das mídias sociais. Como Bright e os demais colocaram: “No geral, as evidências sugerem que o uso da mídia social faz uma diferença genuinamente importante nas campanhas eleitorais”.
Fonte: https://bit.ly/2X9HAAm